O O Paraná ensinado às crianças: narrativas eurocêntricas e raciais em livros didáticos regionais paranaenses (1903-1996)
DOI:
https://doi.org/10.60611/cche.vi22.259Palavras-chave:
História do Paraná, Livro Didático, Eurocentrismo, racismo, EstereótiposResumo
Este artigo examina como as autoridades políticas e educacionais do Paraná, um estado no sul do Brasil, apoiaram a produção de manuais didáticos regionais. Esses livros contribuíram para a invenção e difusão do ideário do "Paraná europeu" —uma narrativa historiográfica que defendia que fatores geográficos, etnográficos e culturais tornaram o Paraná um "estado europeu" e "branco", distinto de outras regiões brasileiras, construído sobre um "território vazio"—. Essa construção discursiva, que romantiza a colonização europeia e minimiza a presença indígena e negra, perpetuou-se por quase um século, moldando a percepção do Paraná veiculada nos livros didáticos. Alteridades não-europeias são estereotipadas, ocultadas ou minimizadas. Analisamos um conjunto de manuais didáticos, apoiados por autoridades e distribuídos nas escolas oficiais: O Paraná e o Brasil (1903), de Sebastião Paraná; Pequena história do Paraná (1953), de Cecília Westphalen; A Abelhinha estuda história do Paraná (1969), de Renée Swain, e Histórias do cotidiano paranaense (1996), de Maria Auxiliadora Schmidt. Investigamos as relações entre a operação historiográfica, o campo político, intelectual e educacional, e como os sujeitos históricos (europeus, indígenas, negros) são representados. A análise evidencia diferentes estágios e propósitos na escrita da história, revelando ambiguidades, contradições, e permanências na representação de um Paraná forjado como europeu.
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